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Jonathan Edwards



Jonathan Edwards nasceu em East Windsor, Connectcut, no dia 5 de outubro de 1703 e faleceu aos 54 anos, em 22 de março de 1758, vítima de varíola, contraída após haver se voluntariado para ser inoculado com o vírus, para o desenvolvimento de uma vacina.
Filho de Timothy Edwards e Esther Stoddard Edwards, Jonathan era o único menino numa família de 11 filhos. Seu pai, Timothy, obteve sua graduação em Harvard (1691), serviu por um tempo (1711) como capelão no Canadá durante o conflito entre a França e o Reino unido e exerceu todo seu ministério pastoral em East Windsor (1694-1758). Timothy foi um pai amoroso e um educador meticuloso – ensinou Edwards e outras crianças o latim, o grego, e disciplinas bíblicas e religiosas. Esther Stoddard, mãe de Edwards, era uma mulher “afável e gentil”,  ela viveu até os 98 anos de idade, e foi considerada “discreta, elegante e afável (...) apreciava os livros e conhecia bem os escritos teológicos”.  Seu avô foi o famoso pastor Solomon Stoddard, considerado um dos pregadores mais influentes de seu tempo, na Nova Inglaterra.

Edwards recebeu sua educação no “Collegiate School of Connecticut” (que receberia, mais adiante, o nome de seu benfeitor, Elihu “Yale”), em New Heaven a partir de 1716, com a idade de 13 anos. Durante os quatro anos em que lá permaneceu, Edwards aprendeu as seguintes disciplinas: Grego, Hebraico e Latim, no primeiro ano; lógica, no segundo; ciências naturais e humanas (gramática, retórica, história, astronomia, metafísica, ética, astronomia e geometria) no terceiro e quarto anos . Em seguida, Edwards ingressou no curso de mestrado que duraria mais dois anos.


Sua conversão aconteceu em meados da década de 1720, quando, segundo ele mesmo relata, ele passou a ter um “senso das coisas divinas”, o qual, com o tempo, “cresceu e se tornou mais e mais vívido, concedendo-me uma nova docilidade”. Em 1722, quando Edwards tinha apenas 18 anos, ele mudou-se para a cidade de Nova Iorque e pastoreou uma igreja presbiteriana por quase um ano. Esse foi um período em que Edwards experimentou crescimento espiritual e firmou sua determinação e chamado para o ministério pastoral. Foi também a época em que produziu suas Miscelâneas (que continha textos científicos e filosóficos), começou a registrar suas Narrativas Pessoais e elaborou suas famosasResoluções – aos dezoito anos de idade – que chegaram a 70 e seriam suas diretrizes para o resto de sua curta vida. Mesmo experimentando essas profundas mudanças em seu coração, sua mente curiosa e efusiva continuava a produzir. 

Aos 19 anos, em 1723, Edwards produziu um tratado sobre aranhas que ele denominou de The Spider Letter [A carta da Aranha]. Muito de sua vasta produção literária começou neste período e foi até o fim de seus dias. A mente aguçada era aliada de um intenso interesse pela investigação da verdade em todos os seus ângulos.Edwards casou-se em 1727 com Sarah Pierrepont (1710-1758), filha do respeitado pastor da congregação de New Heaven, James Pierrepont e bisneta do famoso pregador puritano, Thomas Hooker. O casamento incrementou a força e docilidade de Edwards e foi um elemento que  segurança e conforto à sua vida pelos 30 anos subsequentes. Edwards e Sarah tiveram 11 filhos. Sobre Sarah, Lloyd-Jones diz que foi “tão santa quanto o próprio Edwards”. 

Edwards assumiu o ministério como pastor assistente em Northampton ao lado de seu avô, o grande Salomon Sotoddard, em 1727, quando este já contava com 83 anos. Dois anos mais tarde, com o falecimento do avô, Edwards foi alçado ao ministério pastoral daquela igreja na Nova Inglaterra, uma das mais importantes e influentes daquela região, naquele tempo. Seu púlpito era vigoroso e sua ação pastoral atingia a todos da comunidade – Edwards foi um evangelista ferrenho e demonstrou grande interesse nas vidas dos membros de sua igreja, mantendo uma agenda intensa de visitações. Ele era dado a longos tempos de oração, não raro saindo para cavalgar e afugentar-se num lugar específico, nos bosques próximos à sua residência, onde passava horas em oração e contemplação. Um avivamento aconteceu em sua própria congregação, em meados de 1730 e, nos anos 1740, época em que Edwards conheceu e associou-se com o pregador e evangelista itinerante britânico George Whitefield, aconteceu o chamado Grande Despertamento, do qual Edwards foi um importante instrumento e entusiasmado defensor. Em 1741, ele pregou uma mensagem em Yale que mais tarde foi publicada sob o título de The Distinguishing Marks of the a Work of the Spirit of God [As marcas distintivas da obra do Espírito de Deus],  em que dava apoio ao Despertamento e demonstrava os sinais que o distingue.

Em 1750, Edwards experimentou o momento mais difícil de sua vida, quando foi desligado de sua igreja por haver se posicionado contra uma prática implementada por seu avô anos antes, chamada de Halfway Covenant [aliança do meio-termo], que consistia na permissão de que as pessoas participassem da Ceia se exibissem um bom padrão moral em sua vida e fizessem uma confissão básica de fé. Stoddard fizera isso porque ele tinha expectativa que o tomar da ceia poderia ser uma oportunidade de conversão, como, aliás, ocorrera em sua própria experiência. Edwards exigiu que somente crentes professos e que exibissem fruto de salvação fossem admitidos à mesa. Foi despedido. 230 membros votaram por sua saída e apenas 23, por sua permanência.Edwards tornou-se missionário para os índios e dedicou tempo para a produção literária, tendo produzido neste período algumas de suas obras mais importantes. Em Janeiro de 1758, Edwards aceitou – com relutância – assumir a presidência da recém-fundada, porém já prestigiada, universidade de Princeton, sucedendo seu genro Aaron Burr, que faleceu alguns meses antes. Edwards ficou apenas cinco semanas no cargo, pois faleceu em 22 de março daquele mesmo ano. Sarah, sua esposa, faleceu alguns meses depois e foi sepultada ao seu lado, no cemitério de Princeton.

2. O legado de Edwards. Jonathan Edwards pertence à galeria dos maiores pregadores evangélicos que a história já registrou. Embora ele tenha se notabilizado por seu famoso sermão, “Pecadores nas mãos de um Deus irado” proferido pela segunda vez em 1741, em Enfield, e que precipitou o início do chamado Grande Despertamento do século XVIII, ele foi também foi um dos mais eminentes filósofos – se não o principal de todos – e, possivelmente, o mais iluminado teólogo nascido nos Estados Unidos da América.  Ele foi, durante boa parte de sua vida, pastor congregacional, mas também atuou como acadêmico, escritor, cientista, filósofo e missionário. Iain Murray, em sua conhecida e volumosa biografia de Edwards, logo em sua introdução aponta que, embora as opiniões de eruditos sobre Edwards sejam díspares, não há um estudioso sério de filosofia ou teologia que não reconheça a grandeza de sua produção literária tanto nas áreas de filosofia como de teologia. Murray aponta para o fato de que, segundo uma importante escola de opinião, Edwards teria sido o “primeiro filósofo sistemático e o grande pensador da América”. 

Todavia, Murray adverte que esta imagem, conquanto tenha seus méritos, não faz justiça a quem Edwards realmente foi. Ele prossegue e afirma que quem o conheceu ou à sua obra, jamais o chamaria, prioritariamente de um “grande filósofo”. Ele deveria ser conhecido, conforme o foi em seu epitáfio no jornal, à época de sua morte, como “um grande mestre da divindade. A divindade era seu estudo favorito e o ministério, seu maior deleite”.
O legado de Edwards é, sem dúvidas, uma das maiores heranças deixadas por um homem à sua posteridade desde Agostinho e João Calvinho. Sobre Edwards, John Piper e Justin Taylor disseram o seguinte: “Ele foi a maior das bênçãos que igreja já conheceu em todos os tempos. Sua vida e escritos glorificaram a Deus e aumentaram nossa compreensão de Deus e do gozo nEle. Edwards foi um presente dos céus”.  Este legado também é destacado com realismo e precisão por John Carrick, em sua obra The Preaching of Jonathan Edwards [A pregação de Jonathan Edwards]. Este autor fala em um legado multifacetado, que envolve a teologia, a filosofia e a homilética de Edwards. Cada um deles, conforme coloca Carrick, “mereceriam um lugar significativo na história do intelecto e na história da igreja”. 
Já D. M. Lloyd-Jones, proferiu uma importante palestra sobre Edwards na Conferência Puritana na Capela Westminster, em 1976, e que foi registrada e publicada numa forma de compêndio que reuniu outras palestras, afirmou o seguinte: 
Em Edwards chegamos ao zênite do puritanismo, pois nele temos o que vemos em todos os demais, mas, em acréscimo, este espírito, esta vida, esta vitalidade adicional. Não que nos outros houvesse completa falta disso, porém é uma característica tão saliente que eu afirmo que o puritanismo chegou à sua mais completa florescência na vida e ministério de Jonathan Edwards.

Lloyd-Jones prossegue, dizendo ainda mais: 
Receio, com certo pesar, que devo colocar Edwards à frente de Daniel Rowland e George Whitefield. De fato eu tentei, talvez tolamente, comparar os puritanos aos Alpes, Calvino e Lutero com o Himalaia e Jonathan Edwards com o monte Everest! Ele sempre me pareceu o homem mais semelhante ao apóstolo Paulo. Naturalmente Whitefield foi um grande pregador, assim como Daniel Rowland, mas Edwards também o foi. Nenhum deles teve o intelecto, nenhum deles teve a compreensão da teologia, nenhum deles foi o filósofo que ele foi. 
Lawson, por sua vez, em seu breve ensaio sobre as resoluções de Jonathan Edwards, diz o seguinte em seu texto introdutório:  
Edwards é considerado o grande personagem na história eclesiástica da America colonial – possivelmente o maior pastor, pregador, filósofo, teólogo, e autor que a América do Norte já teve – Edwards viveu com um grande desejo de experimentar a piedade pessoal. Nessa busca, ele tornou-se um exemplo de disciplina, digno de ser imitado por nós.  
Um dos biógrafos de Edwards, George Marsden, afirma o seguinte na introdução de sua já famosa e respeitada biografia sobre Jonathan Edwards:  
Edwards era extraordinário. Segundo a estimativa de muitos, ele foi o mais perspicaz filósofo americano e o mais brilhante dentre os teólogos americanos. Pelo menos três de seus muitos trabalhos – Religious Affections, Freedom of the Will e The Nature of True Virtue – permanecem como obras primas na longínqua história da literatura cristã. O apelo de seu pensamento é duradouro.   

As citações acima são uma pequena demonstração da celebração que é feita da vida e obra deste eminente norte americano do século XVIII.
Edwards foi um farol cujo brilho até os dias de hoje guia a igreja de Jesus Cristo. Deus o utilizou como um instrumento seu para feitos extraordinários. Ele foi um homem de aguda inteligência, disciplina rigorosa, humildade intencional, fé resoluta, piedade deliberada e profunda, mas, se há algo que possa sumariar a intensa vida deste gigante, é o seu profundo anelo pela glória de Deus. Como bem apontou James Boice, “Edwards defendeu cuidadosa e logicamente de que o propósito supremo de Deus é glorificar a si mesmo em tudo o que faz”.  O próprio Edwards faz esta afirmação em uma de suas obras, quando diz que o fim para o qual Deus fez todas as coisas é a sua própria glória. Ele afirma que “tudo que é dito nas Escrituras como o propósito final de todas as obras de Deus pode ser resumido na seguinte frase: a glória de Deus”.  Esse é, afinal, o principal legado de Edwards: fazer tudo para a glória de Deus.

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