rss facebook google

A RESPONSABILIDADE HUMANA E A SOBERANIA DE DEUS

Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus,

de eternidade a eternidade, porque dele
é a sabedoria e o poder; é ele quem muda  o tempo e as estações, remove reis e estabelece
reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento
aos inteligentes. Ele revela o profundo
e o escondido; conhece o que está em trevas,
e com ele mora a luz.(Daniel 2: 20-22)


Alguns dias atrás, uma pessoa me procurou, para criticar algumas supostas contradições Bíblicas, sobre a participação de Deus na História. Essa pessoa levantou uma discussão, afirmando que Deus participa da história somente nos bastidores. Tentei explicar minha convicção de fé  para essa pessoa, não sei se surtiu efeito, porém com aquilo na cabeça, comecei a lembrar da visão biblica de alguns bons amigos Cristãos que tem uma visão diferente da que tenho.

   Nenhum destes amigos negavam o envolvimento divino na vida humana, ao contrário, defendiam a Sua participação ativa em absolutamente todos os acontecimentos da vida. Assim, a questão, todavia, seria: “De que forma Deus participa?”.

   Comecei a pesquisar o ponto de vista de alguns pastores e teologos. O primeiro artigo que eu vi, defendia um pensamento relativamente novo e que está ganhando força no meio evangélico. Trata-se da   TEOLOGIA RELACIONAL ou TEOLOGIA DO PROCESSO. Basicamente, defende que Deus abriu mão de sua soberania para poder, de forma adequada, relacionar-se com suas criaturas. Isto explicaria as grandes catástrofes que acontecem no mundo, como, por exemplo, o devastador tsunâmi, que ocorreu na Ásia, em dez/04. Para esses a história está sendo construída e é redesenhada a partir das decisões das criaturas. O futuro é desconhecido por Deus e, em assim sendo, não é Deus quem o determina, porquanto Ele sofre diante de cada tragédia como qualquer um de nós quando atingidos por elas.

   O segundo artigo defendia o DETERMINISMO TEOLÓGICO. Segundo esse pensamento “o Deus pessoal da Bíblia pré-determinou inteligentemente e imutavelmente todos os eventos, incluindo todos os pensamentos, decisões e ações humanas, predestinando assim tanto os fins como os meios para aqueles fins”. Ou seja, todas as coisas estão determinadas por Deus. Desse modo, o que é, é porque tinha de ser e o que não é não o é porque não estava determinado que fosse. A grande interrogação que advém é: “Se todas as coisas estão determinadas, então não importa o que eu faça?”. As implicações desse pensamento seriam: “Então, por que orar?” ou “Por que viver de forma regrada?”.

   Entretanto, um terceiro artigo - cujo autor não gosta de ser chamado teólogo, embora não possa fugir disso, pois, quem se propõe a discutir a fé, de uma forma ou outra, acaba sempre teologizando - era uma crítica a  esse tipo de discussão. Dizia o artigo que “buscar entender como Deus é para além da revelação que Jesus faz do Pai é loucura. Deus é Deus. E cabe ao homem amá-Lo conforme o que Dele se pode conhecer ou nos é revelado”. Portanto, de acordo com esse irmão, “temos apenas de reconhecer que a Escritura é propositadamente paradoxal e contraditória aos sentidos humanos”.

De fato, ao mesmo tempo em que nos ensina a soberania absoluta de Deus - de forma inegociável - a Escritura fala sobre a responsabilidade humana, de maneira que, conciliar uma doutrina e outra, não me parece possível.

Se não, vejamos:

   A Escritura nos fala que Deus tem um plano eterno para a humanidade: 2Tm 1: 9; 1Pe 1: 20; e que os planos de Deus são imutáveis: Is 46: 10-11; Nm 23: 19; e que esse plano divino inclui os atos futuros do homem: Jo 6: 64; Mt 20: 18-19; e que inclui os acontecimentos fortuitos e acontecimentos ao acaso: Pv 16: 33; At 1: 24-26; e, ainda, que mesmo os atos pecaminosos do homem estão incluídos nesse plano e são usados para o bem: Gn 50: 20; Mt 21: 42; Rm 8: 28. De outro modo, a Escritura frequentemente apela ao homem para que este “decida” pelas coisas de Deus: Dt 30: 15; Mt 11: 28.

Uma passagem em especial deixa isso bem claro:

"Sendo este entregue pelo determinado desígno e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquios"
(Atos 2:23)

Ao mesmo tempo que Pedro responsabiliza os homens pelo pecado, fica claro que a crucificação faz parte dos projetos de Deus. Não devemos por palavras na boca de Deus, pois a Bíblia afirma duas verdades "O Senhor é soberano sobre tudo e todos" porém "o homem é responsavel por tudo que faz".É errado para facilitar a Escritura ou tentar explicar o inexplicavel, afirmar teorias extra Bíblica.



   Diante disso, conclui-se que a crença na soberania de Deus não nos isenta de responsabilidades e nem nos é uma abertura para que vivamos de forma displicente; contudo, atribuir ao homem um papel preponderante na construção da história é um grande equívoco. Cristo disse: “Sem mim nada podeis fazer”, porém o homem jamais poderá Lhe dizer: “Sem mim o que poderás fazer?”.

Artigo: Felipe Ramos
"Glória somente a Deus"





Pagina Anterior Proxima Pagina Página inicial